terça-feira, 5 de abril de 2011

Amar as adversidades (III)

Se, de um lado, vivemos sob a suposição de que tudo na vida pode ser uma escolha (além das escolhas de consumo e opções políticas, podemos escolher não apenas a aparência, mas nossa orientação sexual, se teremos filhos ou não, qual tipo de tratamento médico queremos), de outro, a própria escolha parece provocar ansiedade e ser profundamente insatisfatória. Essa é a razão pela qual muitas vezs ouvimos na mídia popular que nossa sociedade, na verdade, sofre de uma tirania da escolha e da abundância da liberdade. (pág. 15)

(...)

Por que há tal descontentamento em relação à escolha? Schwartz acredita que o problema seja escolhas demais. Citando pesquisas psicológicas que mostram que pessoas menos expostas a menos escolhas estão mais satisfeitas, ele propões várias formas de autolimitação, que o consumidor deve impor a si mesmo para se sentir mais feliz em relação à sua escolha. Assim, alguém deve "escolher quando escolher"; ser aquele que escolhe e não apenas apanha; estar contente com o "suficientemente bom"; fazer decisões irreversíveis; praticar uma atitude voltada para a gratidão; se arrepender menos; antecipar a adaptação; controlar as expectativas; abolir a comparação social e, especialmente, "aprender a amar as adversidades". (pág. 19)


Sobre a felicidade: ansiedade e consumo na era do hipercapitalismo /Renata Salecl; tradução Marcelo Rezende, - São Paulo: Alameda, 2005.



Um comentário: