sábado, 17 de dezembro de 2011

Pseudocomunhão

Ainda que a sociedade moderna continuamente nos prometa acesso a uma comunidade, trata-se de uma comunidade centrada no culto ao sucesso profissional. Sentimos que estamos batendo à sua porta quando a primeira pergunta que nos indagam em uma festa é "o que você faz?" - e a resposta determinará se seremos bem acolhidos ou se nos abandonarão ao relento. Nessas reuniões competitivas e pseudocomunais, poucos de nossos atributos valem como moeda para comprar a boa vontade de estranhos. O que importa, acima de tudo, é o que está em nossos cartões de visita, e aqueles que optaram por passar a vida cuidando dos filhos, escrevendo poesia ou jardinando ficarão com a certeza de que foram contra a corrente dos costumes dominantes dos poderosos e que merecem ser devidamente marginalizados.

Com esse nível de discriminação, não causa surpresa que muitos de nós decidam se atirar com tudo nas carreiras. Focar na vida profissional em detrimento de quase todo o resto é uma estratégia bastante plausível em um mundo que aceita as conquistas no ambiente de trabalho como a principal moeda para assegurar não apenas os meios financeiros de sobreviver fisicamente, mas a atenção de que necessitamos para ter êxito do ponto de vista psicológico.


Religião para ateus (pág. 26) / Alain de Botton; tradução de Vitor Paolozzi - Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011


domingo, 15 de maio de 2011

Pedido ao Tempo

Peço que largue mão de passar tão rápido aos fins de semana. Domingo a noite, que quando aponta, já anuncia que a segunda começa presa por uma corrente, que arrasta o peso das coisas que se fazem por obrigação.

De querer dar tanto valor a saudade, fazendo com que cada segundo longe de quem se gosta pareça tanto...  tanto... tempo.

Pode o tempo não querer ouvir o meu pedido, e dar de ombros com a minha insatisfação.



O que me força a ser mesquinho e, só de sacanagem (parafraseando Elisa Lucinda), agir diferente.



Vou fazer com que minha manhã de segunda-feira seja diferente! EU vou dar de ombros ao que alimenta sua "vagarosidade".

Vou procurar oportunidades em cada coisa que eu fizer, por mais banal ou "desinteressante" que possa parecer.

Dar o devido valor a vida, assumindo a minha responsabilidade de estar inteiro em cada instante.



Esteja preparado para isso! Estou deixando de me eximir da minha culpa em ficar aguardando que você se multiplique.

Sua chacota está com os dias contados!

Vou aprender o que puder com Pollyana.



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Não sei porque escrevi isso. Foi inspirado por tanta coisa.

Meus amigos e minha família que me dão tanta saudade...
Este bendito fim de semana que passa rápido...
Ao Caetano Veloso, do qual estão tentando me fazer um ouvinte (não é Carla?)...
A Elisa Lucinda com seu manifesto particular...
E ao Machado de Assis, que escreveu

"Nós matamos o tempo, mas ele nos enterra."


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P.S.:  Por favor, fique a vontade de complementar ou alterar o texto. Para isso, utilize os comentários!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mãe

Engraçado... minha mãe não sabe mexer nem em computador e, consequentemente, muito menos "nessa tal da" Internet. Então, ela não faz ideia de que eu uso esse bocadinho de bytes para fazer uma singela homenagem para ela.

Sou um passarinho que já voou (aproveitando a expressão da tal "Síndrome do Ninho Vazio", pela qual as mães passam quando os filhos e as filhas saem de casa). Moro em outra cidade por conta de trabalho e estudo mas, por morar relativamente próximo a minha cidade natal, acabo voltando (praticamente) todo fim de semana para (minha verdadeira) casa.

Dois dias são muito pouco para tanta coisa deixada de lado durante a semana (útil) longe. Afazeres, amigos.. o estudo e trabalho que nos acompanham na mala...

Muitas e muitas vezes eu volto, mas num ritmo tão acelerado de querer fazer todo o possível num curto espaço de tempo, que acabo não prestando atenção nela..

...que aguarda ansiosamente para me abraçar no sábado de manhã (e que, tenho certeza, faz todo barulho possível para que eu acorde cedo, rsrs);
...que "finge que está tudo bem", independente dos problemas que ela esteja passando, para que eu não fique "me preocupando à toa";
...que mesmo "dura ou com grana" faz questão de preparar minha comida predileta no almoço!
...que, mesmo querendo atenção, não cobra isso.

Acho que esta música traduz um pouco do que a D. Terezinha sente por ser minha mãe (e eu consigo ouvir ela cantando):



Mãe...

..eu vou parar um pouco mais, só para ficar te olhando. Afinal, não sei por quanto tempo eu vou poder ter a oportunidade de contemplar toda a sua beleza;
..eu vou pedir mais pelo seu carinho e sempre, porque ele é único! Assim como você é única;
..NUNCA vou deixar nossos laços se desatarem! NUNCA.. E sei que isso depende (totalmente) de seus 3 filhos serem UNIDOS;
... você para mim também é tudo: MINHA TERRA, MEU CÉU e MEU MAR... Te amo!

Feliz dia das mães.. e que todos os dias possamos fazer nossas mães felizes...

terça-feira, 19 de abril de 2011

O problema é que o gatinho sempre acaba virando gato (IV)



Calafrio. Um calafrio temperado com angústia. Acho que é o que melhor define o que eu senti depois de ler um trecho (que separei aqui) do livro “A cura de Schopenhauer”.

(O título deste post é o mesmo que leva o capítulo 13 do referido livro)

Nunca havia reparado de como oriento as ações de hoje com muitos“se”, “quando” ou “um dia”.

“Não vou fazer isso hoje, porque SE amanhã algo for diferente... não vai dar certo.”

“Não vou fazer isso hoje, porque QUANDO eu tiver 'aquilo'...será melhor.”

“Não vou fazer isso hoje. UM DIA.. haaa... um dia eu faço.”

Como deixei escapar tanta vida por não tirar a cabeça do que ainda está por viver? Hoje ainda, ainda pela leitura do mesmo livro, tomei contato com a seguinte frase:

"O que não é concedido pela razão não deve ser dominado pela razão"
Terêncio


Talvez seja essa tão descabida razão que me faça colocar a vida em perspectiva. Não! O problema não é colocar a vida em perspectiva, mas como fiz isso até hoje (e espero não fazer mais). Até então, iluminei minhas decisões com as perspectivas de quem viveu uma vida inteira, de quem já está na última página do livro e tem como direcionador a história que já foi escrita. Como se cada plano futuro já fosse algo concreto, esperando apenas que a vida trate de transformá-lo em fato e, consequentemente, em história.

Doravante vou colocar minha perspectiva no hoje! Na história que está incompleta e num futuro que não se pode prever. Tornar o futuro obscuro pode fazer com que eu concentre meu olhar no presente. Sinto que isto pode dar mais legitimidade a cada instante vivido.

A mensagem que eu gostaria de registrar neste espaço já foi escrita. Juntamente com a leitura a qual me referi, o vídeo disposto abaixo também foi inspirador destas palavras. Para mim, o vídeo foi uma lição.

Por fim, sempre considerei os textos deste blog inacabados, por serem meus exercícios pessoais de vida. Porém, este é diferente. Este é “mais inacabado”, pois se trata de um exercício de uma nova vida, que começa a ser desbravada.



P.S.: Este post é dedicado a duas pessoas:

Matheus Marcon, pela indicação do vídeo "99 Balões" e do filme "Eu, meu irmão e nossa namorada" (Planeje ser surpreendido); e

Mariana Moreno, pela indicação e empréstimo do livro "A cura de Schupenhauer".

terça-feira, 12 de abril de 2011

Venha a nós o Vosso Reino

Algum tempo atrás, fui numa missa aqui em São Paulo na companhia de um amigo e uma amiga de faculdade. Eis que, ao final desta missa, um seminarista foi convidado a subir ao altar para falar sobre sua caminhada sacerdotal (não sei se posso falar assim, sendo que o rapaz ainda era, ou é, seminarista). Ele, para explicar sua motivação de ser Padre, relatou uma história de anos atrás que, não sei se por coincidência, se passa em Taubaté. A história corre da seguinte maneira: 

Certa vez, um pregador (não gosto muito deste muito desta denominação mas, ou muito me engano, foi a que o seminarista utilizou para referir-se a personagem desta história) foi chamado para dar uma palestra na Catedral da cidade de Taubaté. Havia cerca de 200 pessoas a sua espera. Antes do compromisso, o homem estava sentado num dos bancos da praça que circunda a igreja, quando começou a conversar um com uma mulher. Uma prostituta que estava sentada no mesmo banco. A mulher, entretanto, se recusou a continuar a conversa com ele, com o motivo de ela estar em "horário de trabalho". 

O pregador então, deixou a mulher continuar o exercício de sua profissão. Ele comprou uma hora do tempo da mulher e se dirigiu a um quarto próximo ao local. Durante a hora "comprada", o homem deixou as 200 pessoas esperando dentro da igreja, sem saber de seu paradeiro, e conversou com a mulher...

Talvez somente os dois saibam a conversa que ali se desenrolou naquele dia. O resultado desta conversa, este é conhecido. Hoje, a mulher também é uma pregadora, que viaja pelo país dando seu testemunho.

Com toda a certeza, não reproduzo fielmente a história aqui neste espaço. Porém, no geral, os acontecimentos foram os mesmos. Tenho a lembrança, como se tivesse sido registrado por uma filmadora, de quando o seminarista disse que a motivação dele era que "assim como o pregador, ao final da vida dele, ele tivesse conseguido levar UMA alma para o Céu, a vida dele não teria sido em vão."

Seguindo um pouco o tempo, naquele mesmo dia, quando voltávamos para casa, agora somente eu e minha amiga, ela me perguntou qual era a motivação que eu tinha para estar cursando Gestão de Políticas Públicas. O engraçado, é que eu não soube responder e, o irônico (existe uma diferença entre o irônico e o engraçado) é que eu viria a ter esta resposta alguns minutos depois.

Sem resposta, entramos no trem com sentido a Calmon Viana. Poucos quilômetros depois, estávamos passando pelo que era na época, um conjunto de barracos, hoje todos demolidos por conta da construção da  futura "Estação Penha da CPTM". Então, falei para minha amiga...

...sabe, eu acho que hoje eu descobri qual a minha motivação para estar aqui em São Paulo, para estudar. Sabe a história do seminarista, de como ele seria feliz de, no fim de sua vida, olhar para trás e saber que ele pôde ser um instrumento de salvação, para que uma alma chegasse ao Céu, como como isso seria a grande felicidade para ele... então, para mim não.

Eu sei que é bíblico, mas não lembro em qual trecho está escrito que "a oração do justo move os Céus". Também, que, se eu tiver a fé "do tamanho de um grão de mostarda", eu consigo mover montanhas. 

Então, minha motivação é ter uma fé maior que um grão de mostarda para que eu consiga trazer o Céu até a vida das pessoas. Se eu levar uma pessoa só para o Céu, serei um frustrado, pois deveria era ter trazido Céu para a vida de muitos na Terra.

Não quero de maneira alguma que esse meu relato sou meio petulante ou presunçoso. Estas palavras estão aqui porque, sendo humano, hora ou outra vou perder a lembrança do que é minha motivação (como sempre acontece), e vou poder recorrer a estes pixels para retoma-lá. 

Sendo sincero, esta motivação ganha forma de post porque é sempre bom ganhar mais companheiros na tarefa de trazer o Céu até a vida das pessoas. E isto acontece quando se dispõe o viver para que isto aconteça, quando se consegue transformar o agir em oração.
Pai Nosso, que estais no céu
Santificado seja o Vosso Nome
Venha a nós o Vosso Reino 
Seja feita a vossa vontade
Assim na Terra como no Céu
O pão nosso de cada dia nos dai hoje 
Perdoai as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido
E não nos deixeis cair em tentação 
Mas, livrai-nos do mal 
AMÉM


P.S.: Lembro do meu amigo sumido, Aleksandro Gomes, sempre citando um Santo, o qual não me lembro o nome: "Se você tem a oportunidade de estudar, e não o faz, está cometendo um pecado grave."

O ensino e o aprendizado transformam!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Amar as adversidades (III)

Se, de um lado, vivemos sob a suposição de que tudo na vida pode ser uma escolha (além das escolhas de consumo e opções políticas, podemos escolher não apenas a aparência, mas nossa orientação sexual, se teremos filhos ou não, qual tipo de tratamento médico queremos), de outro, a própria escolha parece provocar ansiedade e ser profundamente insatisfatória. Essa é a razão pela qual muitas vezs ouvimos na mídia popular que nossa sociedade, na verdade, sofre de uma tirania da escolha e da abundância da liberdade. (pág. 15)

(...)

Por que há tal descontentamento em relação à escolha? Schwartz acredita que o problema seja escolhas demais. Citando pesquisas psicológicas que mostram que pessoas menos expostas a menos escolhas estão mais satisfeitas, ele propões várias formas de autolimitação, que o consumidor deve impor a si mesmo para se sentir mais feliz em relação à sua escolha. Assim, alguém deve "escolher quando escolher"; ser aquele que escolhe e não apenas apanha; estar contente com o "suficientemente bom"; fazer decisões irreversíveis; praticar uma atitude voltada para a gratidão; se arrepender menos; antecipar a adaptação; controlar as expectativas; abolir a comparação social e, especialmente, "aprender a amar as adversidades". (pág. 19)


Sobre a felicidade: ansiedade e consumo na era do hipercapitalismo /Renata Salecl; tradução Marcelo Rezende, - São Paulo: Alameda, 2005.



sexta-feira, 25 de março de 2011

Manter as portas abertas (II)

Segue um pequeno trecho que retirei do livro "Previsivelmente Irracional" (págs. 120-122), de Dan Ariely. Este livro também foi inspirador do pensamento que ocupará os próximos posts. Desta maneira, acho conveniente ocupar este espaço para registrar o pensamento de Ariely.


(…) Em 1914, o filósofo Erich Fromm escreveu um livro chamado O medo da liberdade. Em uma democracia moderna, disse ele, não somos acossados pela falta de oportunidades, mas por uma estonteante abundância delas. Em nossa sociedade moderna, é isso mesmo o que acontece. São contínuos os lembretes de que podemos fazer qualquer coisa e ser qualquer coisa que quisermos. O problemas está em viver à altura desse sonho. Precisamos evoluir de todos os modos possíveis; temos de experimentar todos os aspectos da vida; ter a certeza de que, das mil coisas a ver ates de morrer, não paramos na número 999. Mas, então, surge um problema – não estamos nos espalhando demais? A tentação que Fromm descrevia, creio, é o que vimos ao observar nossos participantes correndo de uma porta para outra.


Correr de porta em porta é uma atividade humana já bem estranha. Ainda mais estranha, porém, é nossa compulsão em correr atrás de portas de pouco valor – oportunidades quase mortas, ou que já têm pouco interesse para nós

(…)

Precisamos é começar a fechar algumas de nossas portas. As portas pequenas, naturalmente, são bem fáceis de fechar. É fácil riscar nomes de nossas listas de cartões de Natal, por exemplo, ou tirar o tae kwon do do rol de atividades de nossa filha

Mas as portas maiores (ou aqueles que parecem maiores) são mais difíceis de fechar. As portas que podem levar a uma nova profissão, ou a um emprego melhor, podem ser difíceis de ser fechadas. As portas amarradas a nossos sonhos também são difíceis. E também os relacionamentos com certas pessoas – mesmo que não pareçam levar a lugar algum.

Temos uma compulsão irracional de manter portas abertas. Fomos programados assim. Mas isso não quer dizer que não devamos tentar fechá-las. (…)

(…)

Precisamos sair de comitês que sejam perda de tempo e para de enviar cartões de Natal para gente que já mudou de vida e de amigos. Precisamos definir se temos tempo mesmo para assistir ao basquete, jogar golfe e squash, e manter nossa família unida; talvez devêssemos deixar alguns desses esportes de lado. Devemos abandoná-los porque sugam energia e empenho, afastando-nos das portas que deviam ficar abertas – e porque nos enlouquecem.

Previsivelmente irracional: as forças ocultas que formam as nossas decisões / Dan Ariely ; tradução Jussara Simões – Rio de Janeiro : Elsevier, 2008.


sexta-feira, 18 de março de 2011

O Carrasco do Amor (I)

Segue um pequeno trecho que retirei do livro "O Carrasco do Amor" (págs. 16-19), de Irvin Yalom. Ele serve como caminho para um pensamento que posteriormente será transcrito em bits.



Todo terapeuta sabe que o primeiro passo crucial na terapia é a aceitação por parte do paciente da responsabilidade pela sua condição de vida. Na medida em que a pessoa acredita que seus problemas são causados por alguma força ou entidade fora dela, não há avanço na terapia. Afinal de contas, se os problemas estão fora, por que a pessoa deveria se modificar? É o mundo externo (amigos, trabalho, cônjuge) que deveria ser modificado – ou trocado.

(...)

Embora a aceitação da responsabilidade conduza o paciente ao limiar da mudança, ela não é sinônimo de mudança. (...) A liberdade não apenas requer que aceitemos a responsabilidade por nossas escolhas de vida, como também pressupõe que a mudança demanda um ato de vontade.

(...)

É pela vontade, o principal motivo da ação, que nossa liberdade se desenvolve. Eu vejo a vontade tendo dois estágios: uma pessoa começa por meio do desejo e depois realiza, por meio da decisão.

Algumas pessoas têm desejos bloqueados, não sabem o que sentem nem o que querem. Sem opiniões, sem inclinações, elas se tornam parasitas dos desejos dos outros.

(...)

Outros pacientes não conseguem decidir. Embora saibam exatamente o que querem e o que precisam fazer, eles não conseguem agir, e, ao contrário, ficam no mesmo lugar, atormentados, diante do portal da decisão.

(...)

Decisões são difíceis por muitas razões, e algumas atingem o próprio cerne da existência. John Gardner, em seu romance Grendel, fala de um homem sábio que resume suas meditações sobre os mistérios da vida em dois postulados simples, mas terríveis: “as coisas desaparecem gradualmente: as alternativas se excluem.” (...) “as alternativas se excluem”, é uma chave importante para compreendermos por que a decisão é difícil. A decisão invariavelmente envolve renúncia: para cada sim deve haver um não, cada decisão elimina, ou mata, outras opções (a raiz da palavra decidir significa “matar, como em homicídio ou suicídio).

O Carrasco do Amor / Irvin D. Yalom; tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese, – Rio de Janeiro: Ediouro, 2007 


P.S.: Aos que sentiram incomodados pela presença do termo "paciente" neste texto, faço uso das palavras do autor: "A condição de ser paciente é onipresente; a aceitação do rótulo é amplamente arbitrária e frequentemente depende mais de fatores culturais, educacionais e econômicos do que da severidade da patologia".


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

"Eu te gosto...muito"

Estava quase dormindo, quando pensei no quanto eu gosto de ouvir estas quatro palavras. Para falar a verdade, nesta mesma ordem e acompanhadas destas reticências.

O quão difícil é dizer "eu te amo"? Pois bem, não deveria ser.. pois amar é fundamental! É ponto de partida. Assim como não se começa a construir uma casa pelo telhado, mas pela sua fundação, teríamos de construir nosso viver fundamentado pelo amor.

E o amor é simples, pois também é essência de Deus. Que seria amar, senão respeitar o próximo e querer seu bem tanto como a si próprio?

Simples!

"Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros."

João 13, 34

Mas, neste post, me atento mesmo ao "eu te gosto... muito". Pois gostar transcende o amar. Gostar significa encontrar no outro certa afinidade, para então cultivar laços que os aproximem. 

Gostar significa também reconhecer que uma relação próxima contém espinhos, mas que algo maior faz o querer estar próximo, seja como for.

Estas linhas estão sendo escritas por mãos preocupadas. De que as pessoas não tem mais tempo de reconhecerem, umas nas outras afinidades das quais gostam, sementes que possam cultivar uma amizade. Afinal, estas são menos aparentes que os espinhos.

"Com toda a humildade e mansidão, suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor."
Efésios 4, 2