terça-feira, 19 de abril de 2011

O problema é que o gatinho sempre acaba virando gato (IV)



Calafrio. Um calafrio temperado com angústia. Acho que é o que melhor define o que eu senti depois de ler um trecho (que separei aqui) do livro “A cura de Schopenhauer”.

(O título deste post é o mesmo que leva o capítulo 13 do referido livro)

Nunca havia reparado de como oriento as ações de hoje com muitos“se”, “quando” ou “um dia”.

“Não vou fazer isso hoje, porque SE amanhã algo for diferente... não vai dar certo.”

“Não vou fazer isso hoje, porque QUANDO eu tiver 'aquilo'...será melhor.”

“Não vou fazer isso hoje. UM DIA.. haaa... um dia eu faço.”

Como deixei escapar tanta vida por não tirar a cabeça do que ainda está por viver? Hoje ainda, ainda pela leitura do mesmo livro, tomei contato com a seguinte frase:

"O que não é concedido pela razão não deve ser dominado pela razão"
Terêncio


Talvez seja essa tão descabida razão que me faça colocar a vida em perspectiva. Não! O problema não é colocar a vida em perspectiva, mas como fiz isso até hoje (e espero não fazer mais). Até então, iluminei minhas decisões com as perspectivas de quem viveu uma vida inteira, de quem já está na última página do livro e tem como direcionador a história que já foi escrita. Como se cada plano futuro já fosse algo concreto, esperando apenas que a vida trate de transformá-lo em fato e, consequentemente, em história.

Doravante vou colocar minha perspectiva no hoje! Na história que está incompleta e num futuro que não se pode prever. Tornar o futuro obscuro pode fazer com que eu concentre meu olhar no presente. Sinto que isto pode dar mais legitimidade a cada instante vivido.

A mensagem que eu gostaria de registrar neste espaço já foi escrita. Juntamente com a leitura a qual me referi, o vídeo disposto abaixo também foi inspirador destas palavras. Para mim, o vídeo foi uma lição.

Por fim, sempre considerei os textos deste blog inacabados, por serem meus exercícios pessoais de vida. Porém, este é diferente. Este é “mais inacabado”, pois se trata de um exercício de uma nova vida, que começa a ser desbravada.



P.S.: Este post é dedicado a duas pessoas:

Matheus Marcon, pela indicação do vídeo "99 Balões" e do filme "Eu, meu irmão e nossa namorada" (Planeje ser surpreendido); e

Mariana Moreno, pela indicação e empréstimo do livro "A cura de Schupenhauer".

2 comentários:

  1. Vida nova... e a Páscoa se fez, principalmente aí dentro! =]

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  2. "As cenas de nossa vida são como imagens em um mosaico tosco; vistas de perto, não produzem efeitos – devem ser vistas à distância para ser possível discernir sua beleza. Assim, conquistar algo que desejamos significa descobrir quão vazio e inútil este algo é; estamos sempre vivendo na expectativa de coisas melhores, enquanto, ao mesmo tempo, comumente nos arrependemos e desejamos aquilo que pertence ao passado. Aceitamos o presente como algo que é apenas temporário e o consideramos como um meio para atingir nosso objetivo. Deste modo, se olharem para trás no fim de suas vidas, a maior parte das pessoas perceberá que viveram-nas parcialmente: ficarão surpresas ao descobrir que aquilo que deixaram passar despercebido e sem proveito era precisamente sua vida – isto é, a vida na expectativa da qual passaram todo o seu tempo."

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